Carta aberta: Os invisíveis da Cultura
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Foto: Miguel Manso, através do jornal Pùblico |
[última actualização: 10.4.2020]
Crises como a que vivemos neste momento, causada pelo
coronavírus/COVID-19, têm um impacto significativo na vida dos trabalhadores
independentes. Os profissionais da cultura, muitos dos quais já viviam, antes
desta crise, num contexto de enorme precariedade, estão a ser particularmente
afectados.
A complexidade e urgência que esta situação tem criado na
vida dos trabalhadores independentes do sector cultural tem sido reconhecida
por organismos públicos e privados. Nos últimos dias, multiplicaram-se as iniciativas
e as medidas que pretendem criar condições indispensáveis de apoio para estes
profissionais. É encorajador e gratificante ver esta grande combinação de
esforços para garantir salários e honorários, assim como criar condições para
que possa continuar a haver criação, durante e após o estado de emergência em
que vivemos.
Os signatários desta carta receiam, no entanto, que uma
parte significativa dos profissionais que compõem o sector cultural possam não
ter acesso, neste momento, a qualquer dos apoios anunciados. Sempre foram e
continuam “invisíveis”. Isto porque as especificidades do seu trabalho,
nomeadamente a sua intermitência, os obrigam a abrir e fechar actividade com
frequência e impedem-nos de fazer descontos regulares para a segurança social. Trata-se
de colegas nossos – que não são só artistas e técnicos das mais diversas áreas,
mas também todos os outros profissionais sem os quais não existem experiências
culturais: vigilantes em museus, mediadoras culturais, produtores, ensaiadoras,
costureiros, caracterizadoras, etc., etc., – que neste momento ficam sem qualquer
protecção. Um artigo recentemente publicado pelo Gerador, intitulado Em cenário de pandemia, as fragilidades da cultura ficam a
descoberto, apresenta algumas destas
situações.
Consideramos urgente que os fundos de emergência criados por
diferentes entidades considerem a necessidade de dar a estes profissionais
condições básicas de subsistência. Por muito que seja importante perspectivar
projetos para o online ou para o pós-estado de emergência, não se pode criar e
produzir quando a urgência é pagar a renda ou colocar comida na mesa. É
imperioso garantir o presente para se poder planear o futuro.
Urge assim agregar esforços em
torno de um fundo de solidariedade que cuide do presente dos profissionais da
cultura. Só dessa forma podemos, enquanto sociedade, garantir um mínimo de
condições de sustentabilidade ao quotidiano de um conjunto alargado de pessoas,
que se encontra em enormes dificuldades. Mesmo nessas dificuldades e
incertezas, uma parte destes profissionais saltou para o online na primeira
hora, oferecendo o seu trabalho gratuitamente para amenizar as consequências do
confinamento forçado a que todos estamos obrigados.
É essencial que todas as pessoas e
entidades privadas interessadas e com capacidade de ajudar neste sentido possam
contribuir para um grande fundo de solidariedade para com os profissionais do
sector cultural. Esse fundo terá de ter um veículo sério, credível e com escala
para receber contribuições, fazendo a diferença na vida de centenas, talvez
milhares, de profissionais da cultura.
O que nos parece mais prático,
lógico e rápido neste momento é que a Fundação Calouste Gulbenkian abra aos
contributos de todos o fundo de emergência que tão atempadamente criou, e que
se destina, especificamente nesta área, à reposição de rendimentos perdidos
pelos profissionais da cultura devido aos cancelamentos e encerramentos de
projetos e instituições culturais. Aproveitar-se-ia, assim, uma estrutura já
criada e funcional, gerida por uma entidade respeitada, de confiança e com potencial
sistémico. Se, por qualquer razão, a Fundação Calouste Gulbenkian não puder
assumir este papel, uma outra entidade com características similares deveria
tomar a iniciativa. Ao mesmo tempo que o Ministério da Cultura apresenta uma
série de medidas realistas, urgentes, no sentido de honrar compromissos e de
criar um futuro para o sector, é fulcral que se pense no presente dos mais
desprotegidos e que exista uma acção central coordenada de grande escala (em
vez de diferentes iniciativas de pequena dimensão) no sentido de apoiar as suas
necessidades mais imediatas, de sobrevivência.
É preciso
garantir que, quando isto passar, e vai passar, teremos ainda trabalhadores
independentes na cultura capazes de criar, produzir, programar, expor, comunicar
e educar. Para isto acontecer, é preciso criar um contexto no qual sejam mais apoiados
e tenham condições para planear um futuro melhor para Portugal, no qual o
acesso à diversidade cultural continue a ser garantido à população portuguesa.
Ana Bragança, Gestora e Mediadora
Cultural
Ana Carvalho, Museóloga
Ana Lígia Vieira, Directora Artística ESTÚDIO B
Ana Mariz, Diretora de Fotografia e Assistente de Realização
Ana Palma, Atriz, Teatro da Garagem
Ana Paula de Sousa Assunção, Investigadora e Museóloga
Ana Carvalho, Museóloga
Ana Lígia Vieira, Directora Artística ESTÚDIO B
Ana Mariz, Diretora de Fotografia e Assistente de Realização
Ana Palma, Atriz, Teatro da Garagem
Ana Paula de Sousa Assunção, Investigadora e Museóloga
Andreia Carneiro, Produtora
cultural e Docente
Andreia Cunha, Direcção Executiva do Teatro do Bairro Alto
Andreia Cunha, Direcção Executiva do Teatro do Bairro Alto
Cristina Marvão, Eixo do Jazz - Associação Luso-Galaica para a promoção do Jazz
Cristina Planas Leitão, Coreógrafa
Cristina Planas Leitão, Coreógrafa
Elsa Barão, Directora de Comunicação
Fernando Jorge Abreu, Técnico Superior de Recursos Humanos, CCDRN
Filipe Abreu, Actor
Filomena Martins, Professora
Fernando Jorge Abreu, Técnico Superior de Recursos Humanos, CCDRN
Filipe Abreu, Actor
Filomena Martins, Professora
Francisca Carneiro Fernandes, Gestora Cultural
Francisca Gigante, Curadora e Produtora
Francisco Frazão, Programador
Frederico Corado, Encenador e Realizador
Francisca Gigante, Curadora e Produtora
Francisco Frazão, Programador
Frederico Corado, Encenador e Realizador
Graça Santa-Bárbara, Museóloga
Gui Garrido, Programador e Produtor Cultural
Hugo Cruz, Encenador e Programador Cultural
Gui Garrido, Programador e Produtor Cultural
Hugo Cruz, Encenador e Programador Cultural
Joana de Bastos Rodrigues,
Realizadora
Joana Pupo, Actriz
Joana Saraiva, Atriz, Professora e Intérprete de Audiodescrição
João de Brito, Actor e Director Artistico do LAMA Teatro
Joana Pupo, Actriz
Joana Saraiva, Atriz, Professora e Intérprete de Audiodescrição
João de Brito, Actor e Director Artistico do LAMA Teatro
Levi Martins, Produtor e Encenador
Liliana Coutinho, Programadora de debates e conferências - Culturgest
Liliana Leite, Actriz
Liliana Coutinho, Programadora de debates e conferências - Culturgest
Liliana Leite, Actriz
Magda
Henriques, Professora e Programadora cultural
Margarida Freire Moleiro,
Museóloga/trabalhadora em funções públicas na área da Cultura
Margarida Mata, Mediadora e Produtora Cultural
Margarida Mata, Mediadora e Produtora Cultural
Maria João Garcia, Produtora
cultural
Maria Jorge, Actriz
Maria José Teixeira, Gestora de projetos - Fundação Museu Nacional Ferroviário
Maria Rei, Estudante de Teatro
Maria Jorge, Actriz
Maria José Teixeira, Gestora de projetos - Fundação Museu Nacional Ferroviário
Maria Rei, Estudante de Teatro
Marta
Tomé, Bailarina e Professora de Dança
Matamba Joaquim, Actor
Maurícia Barreira Neves, Coreógrafa e performer
Matamba Joaquim, Actor
Maurícia Barreira Neves, Coreógrafa e performer
Miguel Abreu, Produtor Cultural
Miguel Bastos, Realização TV, Produtor Audiovisuais e Eventos , Road e Stage manager
Miguel Branca, Actor, Animador, Dramaturgo, Formador e Construtor
Miguel Bastos, Realização TV, Produtor Audiovisuais e Eventos , Road e Stage manager
Miguel Branca, Actor, Animador, Dramaturgo, Formador e Construtor
Mónica Ferreira, Técnica de Museologia e Património
Mónica Garnel, Actriz
Mónica Guerreiro, Autora e Gestora
cultural
Mónica Talina, Produtora Cultural
Natália Gravato, Jurista
Mónica Talina, Produtora Cultural
Natália Gravato, Jurista
Ovídio de Sousa Vieira, Programador
Cultural
Patrícia Freire, Programadora e Produtora cultural
Paula Lima, Assistente Jurídica
Patrícia Freire, Programadora e Produtora cultural
Paula Lima, Assistente Jurídica
Raquel Silva, Mestranda de Teatro e
Comunidade, Actriz
Rebeca Cunha, Actriz
Reis Valdrez, Artista Visual e Designer Multimédia
Rebeca Cunha, Actriz
Reis Valdrez, Artista Visual e Designer Multimédia
Ricardo Neves-Neves, Director
Artístico do Teatro do Eléctrico
Ricardo Teixeira, Actor e Director Artístico
Ricardo Teixeira, Actor e Director Artístico
Rita Tomás, Direção de Comunicação do Teatro do Bairro Alto
Rita Wengorovius, Criadora, Encenadora Teatro Umano, Pedagoga e Investigadora. Professora da Escola Superior de Teatro e Cinema
Rita Wengorovius, Criadora, Encenadora Teatro Umano, Pedagoga e Investigadora. Professora da Escola Superior de Teatro e Cinema
Rui Pina Coelho, Professor
Rui Quintas, Actor, Encenador, Diretor e Actor de Dobragens
Rui Spranger, Actor, Encenador
Rui Quintas, Actor, Encenador, Diretor e Actor de Dobragens
Rui Spranger, Actor, Encenador
Sara Villas, Produtora e Direção de Cena
Sérgio Nogueira, Assistente Administrativo, Actor
Sofia Campos, Profissional da Cultura
Sérgio Nogueira, Assistente Administrativo, Actor
Sofia Campos, Profissional da Cultura
Sofia Carolina Botelho,
Programadora, Profissional de Museu
Sofia Dias, Coreógrafa e Bailarina
Sofia Saldanha, Realizadora Áudio
Susana Domingos Gaspar, Coreógrafa
Sofia Saldanha, Realizadora Áudio
Susana Domingos Gaspar, Coreógrafa
Susana Menezes, Directora Artística
Suzana Borges, Actriz
Tânia Cardoso, Mãe, Actriz, Cantora e Criadora
Suzana Borges, Actriz
Tânia Cardoso, Mãe, Actriz, Cantora e Criadora
Teresa Albuquerque, Diretora das
Atividades Culturais Fundação da Casa de Mateus, Presidente da Associação
blablaLab
Vânia
Marzia, Técnica de Turismo
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